Em um marco histórico para a economia argentina, o país registrou uma inflação mensal de 0% em junho de 2024, algo que não acontecia há três décadas. O dado, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC), surpreendeu analistas e sinaliza uma possível virada após anos de instabilidade econômica crônica.
Contexto da Inflação na Argentina
A Argentina tem enfrentado altas taxas de inflação por décadas, com picos superiores a 200% ao ano em alguns períodos. A desvalorização do peso, os déficits fiscais recorrentes e a emissão monetária descontrolada foram alguns dos principais fatores que alimentaram esse cenário. Nos últimos anos, medidas de ajuste e reformas estruturais começaram a ser implementadas, mas os resultados demoraram a aparecer.
O Que Levou à Estabilidade em Junho?
Vários fatores contribuíram para a queda abrupta da inflação:
- Controle de Preços e Acordos Setoriais – O governo firmou pactos com setores-chave, como alimentos e combustíveis, para congelar ou limitar reajustes.
- Política Monetária Restritiva – O Banco Central manteve taxas de juros elevadas para frear a demanda e desacelerar a circulação de dinheiro.
- Queda no Consumo – A recessão econômica reduziu o poder de compra, diminuindo a pressão sobre os preços.
- Estabilidade Cambial – Após uma forte desvalorização no início do ano, o câmbio se manteve estável, reduzindo impactos nos preços internos.
Reações e Ceticismo
Enquanto o governo celebra o resultado como uma vitória de suas políticas, economistas alertam para a sustentabilidade desse cenário. “Um mês de inflação zero não significa que o problema foi resolvido. É preciso ver se as medidas estruturais terão efeito duradouro”, afirmou um analista do mercado financeiro.
Além disso, muitos argentinos ainda sofrem com a perda do poder aquisitivo acumulada nos últimos anos, e o desemprego segue elevado.
Próximos Passos
O desafio agora é consolidar a estabilidade sem aprofundar a recessão. Se o governo conseguir equilibrar o controle fiscal com medidas de recuperação econômica, a Argentina poderá, finalmente, deixar para trás o fantasma da hiperinflação.
Enquanto isso, o mundo observa com atenção se o país conseguirá transformar esse momento em uma verdadeira virada histórica.