No Brasil, os nomes inhame e cará são frequentemente usados de forma intercambiável, gerando dúvidas sobre quais tubérculos estão realmente sendo referenciados. A confusão é tão grande que, dependendo da região do país, um mesmo alimento pode ser chamado por nomes diferentes, enquanto espécies distintas podem compartilhar o mesmo nome.
Para esclarecer essa questão, é preciso mergulhar na botânica, na cultura alimentar e nos hábitos regionais. Vamos desvendar, de uma vez por todas, as diferenças e semelhanças entre inhame e cará.
Afinal, o que é inhame e o que é cará?
Botanicamente, inhame e cará pertencem a famílias e gêneros diferentes:
- Inhame verdadeiro (gênero Dioscorea):
- Também conhecido como inhame-branco ou inhame-da-costa (Dioscorea alata).
- Tem casca mais rugosa e escura, polpa branca ou roxa.
- Muito consumido no Nordeste brasileiro, em pratos como mugunzá e sopas.
- Cará (gênero Dioscorea):
- Inclui espécies como o cará-moela (Dioscorea bulbifera) e o cará-do-ar (Dioscorea trifida).
- Algumas variedades produzem tubérculos aéreos, enquanto outras crescem sob a terra.
- Mais comum no Sudeste e Sul do Brasil, onde é chamado de “inhame” erroneamente.
No entanto, a confusão aumenta porque, em algumas regiões (especialmente no Sudeste), o taro (Colocasia esculenta), que não é nem inhame nem cará, é chamado de “inhame”. O taro tem folhas grandes em forma de coração e é amplamente usado na culinária asiática e em pratos como o “inhame” frito da culinária baiana.
Diferenças no consumo e na culinária
- Inhame verdadeiro:
- Muito utilizado em cozidos, purês e sopas.
- Tem textura mais fibrosa e sabor mais terroso.
- Rico em amido, potássio e vitaminas do complexo B.
- Cará:
- Pode ser assado, cozido ou transformado em farinha.
- Algumas variedades têm sabor mais adocicado.
- Fonte de carboidratos complexos e fibras.
- Taro (confundido com inhame):
- Usado em pratos como o “inhame” frito da Bahia.
- Tem textura cremosa quando cozido.
- Base para o popular “poi” havaiano.
Por que essa confusão existe?
A mistura de nomes ocorre por fatores históricos e culturais:
- Diferenças regionais: No Nordeste, o termo “inhame” geralmente se refere ao verdadeiro inhame (Dioscorea), enquanto no Sudeste, o mesmo nome pode ser usado para o cará ou até para o taro.
- Colonização e trocas culturais: Os nomes foram trazidos por portugueses, africanos e indígenas, misturando-se ao longo do tempo.
- Semelhanças físicas: Como são todos tubérculos e têm usos culinários parecidos, muitos consumidores não percebem as diferenças.
Como identificar cada um?
- Inhame verdadeiro: Casca marrom-escura e áspera, formato alongado.
- Cará: Pode ter casca mais clara e lisa, com tubérculos às vezes aéreos.
- Taro: Casca peluda e polpa branca ou rosada, folhas grandes.
Conclusão: Qual é o correto?
Não há um “errado” ou “certo” absoluto, pois os nomes variam conforme a região. O importante é conhecer as características de cada um para aproveitar melhor seus benefícios nutricionais e usos culinários.
Se você quer seguir a nomenclatura botânica, o inhame verdadeiro é o Dioscorea, enquanto o cará também pertence ao mesmo gênero, mas com espécies diferentes. Já o taro é outra planta completamente distinta.
Na próxima vez que for à feira, observe com atenção: você pode estar comprando um cará pensando que é inhame, ou vice-versa!